Por que é melhor investir em um copywriter iniciante antes que no ChatGPT Plus
Ou o que aprendi sobre um termo novo — capital humano
Para aprender sobre finanças, decidi ir com livros que falem do tema.
Um deles é o Como pensar sobre dinheiro, e nele tem uma ideia que achei interessante:
“Quanto maior é o nosso capital humano, isto é, o valor que geramos por hora trabalhada, poderemos ganhar mais riqueza do que ficar estagnados e conformes com o salário que recebemos”.
Em outras palavras: se somos mais valiosos para a sociedade, somos bem pagos.
O capital humano que eu tenho, por exemplo, é uma carteira diversificada: experiência em mais de 40 nichos, falo 3 idiomas, tenho criado mais de 1500 peças publicitárias, 5 anos trabalhando como copywriter…
Qualquer pessoa que está começando hoje olha meu currículo e capaz pense que sou um baita “capital humano”. Sou mais caro que, por exemplo, um iniciante em copy.
No entanto, ainda é melhor investir em um copywriter iniciante do que na assinatura do ChatGPT 4.0.
Por quê?
A resposta é simples: porque mesmo que você tenha à sua disposição toda a tecnologia do mundo, o ser humano é intelectualmente superior a qualquer obra que exista no planeta.
O ChatGPT é inteligência artificial, sim, e talvez siga avançando de formas que nos surpreendam nos próximos 10 anos, mas ainda o ser humano que a controle será melhor que uma máquina sozinha.
Esse é um papo que mexe com filosofias e está em livros de ficção científica, mas o ponto que quero chegar não é esse.
Se você investir em um copywriter iniciante ele vai errar e precisará ter instruções detalhadas sobre o que você quer que ele execute.
Com o tempo, ele vai ganhar experiência. Se fizer bem o seu trabalho, você confiará mais nele. Terá mais responsabilidades. Mais remuneração. E saberá usar a tecnologia ao seu favor.
Esse copywriter iniciante pode ser você mesmo.
Porém, é mais comum encontrar pessoas valorizando demais os objetos e tecnologias do que o capital humano que outras pessoas tem.
Essa é outra ideia do mesmo livro (Como pensar sobre dinheiro): todos temos a tendência de valorizar as coisas, objetos e possessões muito mais do que as experiências pessoais. Preferimos um carro do que uma viagem; uma casa do que passar tempo com os filhos; uma cadeira gamer antes do que um copywriter pra equipe.
Pense em um advogado.
Ele vai preferir investir em um escritório, cadeiras, internet mega-rápida, visual bonito… e esquece de investir em um consultor de marketing (no mínimo) para saber como raios vai atrair clientes.
Até abordará alguns designers para fazerem a identidade visual, mas vai preferir fechar com o mais barato “porque a grana está curta”. Ele pretende abrir sua empresa com um capital de R$1.000.000 (guarde esse número, um milhão) mas prefere um freelancer que cobra R$500 por logotipo – uma logo que irá perdurar por anos até ele decidir investir em alguém mais experiente.
Claro, investir naquele designer iniciante é melhor que nada… mas me acompanhe no raciocínio: estamos falando de uma empresa que está abrindo com capital de 1 milhão.
Esse advogado ouviu do Meta Ads e Google Ads, assistiu alguns tutoriais e prefere fazer, ele mesmo, as campanhas de tráfego.
Por fim, como ele sabe de escrita porque dominou o tecniquês na faculdade e passou a redação do ENEM, ele mesmo vai fazer seus textos porque o que importa é o serviço que ele fez – “sou melhor que toda a concorrência! É óbvio!”
Não. Não é óbvio.
Parou de investir no capital humano para investir em infraestrutura. Muito vai para as cadeiras e o escritório físico, mas pouco vai para o capital humano que injetaria poder às estratégias de aquisição de clientes.
Não que tenha algo de errado isso, ok?
Eu mesmo invisto em infraestrutura para mim.
Domínio, hospedagem, CNPJ, computador… Tudo o que tenha a ver com a execução do meu trabalho tem a ver com a infraestrutura que facilitará o meu trabalho. Só que o meu trabalho ainda assim exige pouca coisa em comparação de um escritório de advocacia. O mais importante para mim é minha capacidade de resolver problemas, não a quantidade de memória RAM que possa ter.
Continuando com o exemplo do advogado, o conhecimento que tenho sobre atração de novos clientes será mais útil do que as cadeiras que comprou.
Esse nosso advogado não sabe (ou não percebe) que o que irá sustentar as cadeiras, o visual e todo o escritório são as vendas que ele tem que gerar – os clientes que tem que atender.
Começou bem ao investir numa identidade visual com um designer, mas para o tamanho do projeto (R$1.000.000 de investimento inicial) um designer iniciante não ia dar conta.
E se o designer iniciante vê como uma baita oportunidade para entrar no mercado de trabalho, tem que ter um fator decisivo: entregar o melhor trabalho que ele consiga para esse advogado.
Não julgo o designer porque eu mesmo fui aquele freelancer que aproveitou a confiança de outros para eu poder me desenvolver no meu trabalho.
Mas são exceções que justificam as regras.
A regra seria ir com bons investimentos no marketing – visual, comunicação e vendas –, e ser o melhor que se pode com o melhor que se tem.
Porém, não esqueça que esse nosso advogado abriu a firma com um capital de um milhão de reais.
Se ele decidiu abrir esse negócio nesse nível, um iniciante em qualquer área de marketing não vai ser de muita ajuda.
Diferente fosse se ele quer começar pequeno – aí faz sentido contratar alguém que consiga lidar com o porte que ele pretende manejar.
Quando falei no começo de “investir num copywriter iniciante é melhor do que investir no ChatGPT 4.0” estava me referindo especificamente a três coisas:
É melhor investir em pessoas primeiro antes que na tecnologia de moda. A primeira pessoa que precisa receber esse investimento somos nós mesmos. Se estamos dispostos a aprender a dominar a tecnologia, então estaremos prontos para usá-la.
É melhor investir em iniciantes do que tentar fazer tudo sozinho. É bom oferecer uma oportunidade de crescimento (seria o mais parecido a um plano de carreira) para que eles cresçam com você e, é claro, você tem que aceitar que também é um iniciante em vendas. Os dois precisam ter paciência um do outro. Porém, tenha cuidado: mesmo contratando iniciantes pode ainda estar dando murro em faca. Se você não tem capital humano suficiente, essas escolhas podem sair caras no final.
Meu conselho também é que você pense se um iniciante realmente faz sentido. Não seria melhor um sênior? Sei que parece que estou falando o contrário do que falei no ponto anterior, mas o ponto anterior se aplica como uma opção para começar, não é a única. Mesmo com toda a experiência que tenho, ainda estou disposto a entrar em projetos embrionários para poder demonstrar que dá para crescer com pouco investimento inicial.
Por último, é melhor aprender dos erros rápido e começar pequeno antes de ir com algo totalmente desconhecido.
Se você está decidido em ir com o ChatGPT pago, primeiro se familiarize com o GPT gratuito.
Se você quer um plano de crescimento, foque em ter vendas primeiro, e expanda seu marketing de dentro pra fora (putz, vou falar disso mais pra frente em um próximo post, aqui não vai dar tempo).
Se você valoriza mais as coisas do que a experiência, dificilmente terá um bom relacionamento com seu dinheiro.
Ter mais tecnologia à disposição não significa que você vai ter que usar tudo. Precisa fazer escolhas mais inteligentes.
Por isso, não é estranho que um advogado recém-formado que tenha estudado as bases de marketing consiga abrir seu escritório com baixíssimo investimento inicial porque fez as escolhas certas – e cresça com fundamentos sólidos porque pensou no capital humano que ele mesmo tem acumulado.
Talvez conseguiu um parceiro para tocar no marketing. Talvez ele mesmo decidiu ser um copywriter iniciante para trabalhar para outros advogados e assim pegar a experiência para si mesmo. Talvez ele tenha lido esse post e decidiu tomar uma decisão.